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Journal of Cape Verdean Studies

Authors

Manuel Veiga

Abstract

O contacto de línguas, em Cabo Verde, evoluiu de um babel inicial, para a emergência de um crioulo, estruturalmente uno, mas com actualizações regionais e matizes fonéticas, morfológicas, lexicais e sintácticas que enriquecem a nossa língua materna, sem comprometer a sua "superior unidade".

As diferenças são devedoras de factores como: as línguas matrizes originárias; o peso demográfico dessas línguas; o aparecimento cedo de mestiços e do crioulo como respectiva língua materna; a tolerância linguística imposta pelas circunstâncias (número reduzido de dominadores brancos; a iliteracia prevalecente; a Carta Régia de 1472 que impunha o comercio escravocrata com "novidades da terra"; a indigência de brancos e de negros, por causa da queda da Cidade Velha, a partir da primeira década do século XVII; as fames cíclicas; as investidas de escravos fujões e de piratas estrangeiros; o Porto Grande de S.Vicente, como terceiro laboratório linguístico, depois da Cidade VeIha e de algumas ilhas, tradicionalmente agrícolas; o isolamento dessas ilhas; o povoamento em épocas diferentes.

O estudo do contacto de línguas é ainda um oásis, em Cabo Verde. O surgimento, recente, do ensino superior vai, seguramente, abrir novas perspectivas a esse estudo descritivo de cada variedade e comparativo entre as variedades existentes. Algumas teses e dissertações têm surgido, mas muito poucas são de carácter descritivo e comparativo. O recente mestrado de crioulística e língua caboverdiana trouxe algumas novidades em termos descritivos e comparativos, mas muito resta ainda para ser fito.

Na nossa comunicação vamos levantar a ponta do véu sobre as questões acima referidas. Muito ficará por dizer ou foi dito de forma incompleta. No entanto, ter a consciência de que algum percurso já foi realizado e que há um longo caminho a ser andado é já um born sinal.

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